[Resenha] Em pedaços - Lauren Layne

16 de janeiro de 2019

Olá personas!
Quem leu minha resenha de Mais que amigos sabe bem o quanto me encantei pela escrita da Lauren Layne, a leveza empolgante da primeira história da autora a qual tive acesso, despertou meu interesse para as suas demais publicações, e este é o motivo exato de estarmos falando desse livro hoje. Estou sempre em busca de escritas que aprisionam, autores capazes de criar desde o universo mais simples ao mais complexo que te obrigam a devorar um livro, leituras que te deixam ansioso por mais, e quando encontro algo que se aproxime pelo menos um pouco disto, o interesse é imediato. Confesso  que tendo como base minha primeira experiência, pensei que sempre encontraria histórias leves e previsíveis, bem no estilo comédia romântica de Mais que amigos, então imaginem minha surpresa ao descobrir que este trás um drama realista e até polêmico (?). O fato é que há quem ame, há quem odeie e há quem esteja confuso com relação a esta história. Querem saber o que eu achei? Então chega mais! Em pedaços é o primeiro livro da série Recomeços.

Em pedaços (Broken)
Coleção: Recomeços #01
Autor (a): Lauren Layne @_laurenlayne
Publicação: Paralela *Cortesia
ISBN: 9788584391172 | Skoob
Gênero: Romance +18
Ano: 2018
Páginas: 248
Minha avaliação: 2/5★
Amazon | Saraiva | Submarino
Aos vinte e dois anos, Olivia Middleton tem Nova York aos seus pés. Por fora, ela é a garota perfeita — linda, inteligente e caridosa — mas, por dentro, guarda um segredo terrível: um erro que a afastou das duas únicas pessoas que realmente importavam na sua vida. Determinada a esquecer o passado, ela deixa Manhattan e vai trabalhar como cuidadora de um soldado recém-saído da guerra. O que ela não esperava era que seu paciente seria um jovem enigmático de vinte e quatro anos tão amargurado quanto atraente. Paul Langdon está furioso — com o mundo, com a vida, com o seu pai e, principalmente, consigo mesmo. Depois de sofrer na pele os horrores da Guerra do Afeganistão, a última coisa que ele quer é a companhia de uma princesinha nova-iorquina linda, mimada e irritante. A presença de Olivia parece tóxica para Paul: ela o incomoda, mas ele não consegue afastá-la, por mais que tente. 
Já faz um tempo que leio releituras de contos de fadas, me lembro de, em minha primeira experiência, ter ficado em êxtase com a nova história que surgia a partir de algo que me era tão familiar, desde então tenho procurado dar uma certa atenção a livros do tipo, sempre que tenho uma oportunidade. Mas desta vez eu acabei nem levando em consideração o fato desde ser uma recontagem de A bela e a fera, estava tão empolgada por ter a chance de ler algo da Lauren Layne novamente, que me senti como aqueles compradores desesperados que invadem as lojas em dia de Blackfriday. Mal havia recebido o pacote das mãos do carteiro e já estava passando esse livro na frente de todas as outras leituras que havia programado. Pode-se dizer que fui com muita sede ao pote e, como quase sempre acontece, o que encontrei não era bem o que eu esperava/buscava. Aquele lance dos autores conseguirem se reinventar a cada novo projeto. E que graça teria se todas as histórias fossem iguais, não é mesmo? Então, Em pedaços, está longe de ser doce e empolgante como Mais que amigos, mas isso não significa que ele não tenha algumas das melhores características de escrita da autora. No final das contas ele é diferente. Só queria que vocês estivessem preparados para isto, porque eu definitivamente não estava.

Olivia sempre teve tudo o que desejava, uma vida privilegiada no Uper East Side, um namorado perfeito e todo o status que o dinheiro pode proporcionar, mas ela cometeu um erro com o qual não consegue conviver e para fugir disso decide abandonar tudo e se mudar para Bar Harbor no Maine, onde como penitência autoimposta será cuidadora de um veterano de guerra. Apesar de insegura quanto a sua jornada, nem no pior cenário possível Olivia imaginou que estava sendo contratada para cuidar de um jovem arrogante e extremamente rude disposto a complicar ainda mais o seu trabalho. Depois de ter vivido os horrores da guerra Paul trás marcas físicas e emocionais que mantém vivas memórias que ele preferia não possuir, quando seu pai trás uma beldade loira para seu refúgio no meio do nada, ele se vê cara a cara com a vida que ele acredita ter perdido e isso trás a tona o pior de si. Ter Olívia ao alcance dos seus olhos torna sua realidade ainda mais dolorosa e ele fará o impossível para afastá-la.

Já na sinopse é possível notar que este é mais um clichê, desses cheios de características já conhecidas de outras tramas, até ai tudo bem, afinal o fato da Lauren escrever histórias previsíveis é uma das principais razões que me levou gostar do seu trabalho (isso tendo lido apenas um livro antes deste rs). Enfim, já imaginava os rumos que a história tomaria, mas não estava preparada para o incomodo que me abateu. Logo de cara somos apresentados a um drama misterioso que envolve a protagonista, Olivia alimenta uma culpa gigantesca e por isso decide abandonar sua vida de privilégios, e se torna cuidadora de um veterano de guerra, mas Paul está longe de ser como Olivia idealizou, o idoso dependente é na verdade um jovem amargurado que não se importa em ser descortês com quem quer que seja. A relação dos dois se mostra conturbada, um vez que a jovem deseja fazer seu trabalho da melhor forma possível e o rapaz se empenha em dificultá-lo, pena que não para por ai.

Paul é extremamente grosseiro e abusivo, passa dos limites em várias situações, agindo como um completo boçal. E Olivia? Ah, ela aceita tudo passivamente como parte do castigo pelo seu "grande pecado". Juro que não consigo aceitar e nem achar bonita a trajetória desses dois, e olha que eu sou aquele tipo de leitora que está sempre tentando justificar as merdas dos personagens. A questão é que não existe justificativa, nem para as atitudes torpes de Paul, - que sim, está ferido tanto física como emocionalmente - e muito menos para as de Olivia, que de fato cometeu um erro, mas nada que justifique se submeter a ataques e humilhações constantes. No fundo (minto, está bem na superfície), ambos os protagonistas não passam de dois jovens mimados que sempre tiveram tudo fácil e no primeiro desafio "desmoronaram como um castelo de cartas", um adendo para a situação de Paul, que de fato viveu experiências capazes de destruir uma pessoa, o que explica seu estado, mas sob nenhuma hipótese, justifica suas atitudes. Felizmente, se é que pode-se dar tanta ênfase a isso, a Olivia apresenta já aos quarenta e cinco do segundo tempo, uma evolução mínima que me fez crer que ela finalmente encontrou sua força. Pelo menos é essa a impressão que fica, mas levando em conta o conjunto da obra posso estar enganada.

Em pedaços, está longe de ser um romance fofinho capaz de arrancar suspiros, ao contrário disso trás o retrato de um relacionamento tóxico, onde tanto Olivia como Paul não estão de fato lutando para sair de seus problemas, mas sim dominados pela situação em que se encontram. A atitude agressiva dele, somada a passividade dela, resultaram em uma história difícil de acompanhar. Não consegui enxergar o amor partilhado por ambos que a autora tentou passar, principalmente quando se leva em conta as ações grosseiras de Paul, que nem mesmo o trauma, as dores e as cicatrizes são capazes de justificar. Não tenho problemas com dramas intensos, que tragam problemáticas bem trabalhadas, inclusive gostei bastante da premissa dessa história, apesar disso não consegui não me incomodar com a trajetória cambaleante desse casal, e ver todo o drama se resolvendo tão facilmente, sem que o protagonista tivesse de fato se redimido por seus atos, só acentuou ainda mais meu desconforto. No final de tudo o que salva é a escrita maravilhosamente ágil da Lauren Layne, que aprisiona mesmo quando a história não agrada. 

8 comentários

  1. Apesar de não ter vontade de ler os livros da autora, fiquei surpresa com o que apresentou sobre a obra, pois eu realmente não imaginava que seguiria por esse caminho. A capa faz supor que é só mais um romance clichê. Uma pena que não gostou tanto da história, mas achei legal você pontuar as coisas que te incomodou, mesmo sendo de uma autora que você gosta bastante.

    Beijos, Gabi
    Reino da Loucura | Instagram

    ResponderExcluir
  2. Que bom que você esclareceu tão bem que essa capa é uma fraude... rs. Eu estava achando até então que se tratava de um romance leve, até com direito a uma gargalhada entre uma página e outra e que bom que você me jogou a verdade na cara. Até quando veremos a romantização em relações abusivas na literatura contemporânea? Até quando esses meninos maus educados e egoístas vão querer q suas dores justifiquem suas babaquices???
    Passo...
    Obrigada

    ResponderExcluir
  3. Olá, Delmara.

    Uma pena você ter se decepcionado com a leitura desse segundo livro da autora, já aconteceu isso comigo, mas foi ao contrário, odiei o primeiro livro e amei o segundo.
    Essa autora é muito bem comentada, mas lendo sua resenha eu vi que não gostaria de realizar a leitura, provavelmente eu pegaria uma raiva absurda desse Paul, o que atrasaria bastante a leitura, então pra mim não valeria a pena!

    ResponderExcluir
  4. Olá!
    Essa é uma leitura que não me cativou muito. Tive sérios problemas com a narrativa e em como os personagens foram conduzidos.
    Mas em relação ao livro Como num filme a autora conseguiu se redimir e gostei bastante da leitura.
    Beijos!

    Camila de Moraes

    ResponderExcluir
  5. Oi, já li esse livro e Mais que amigos, e também gostei bastante da escrita da autora. Enxergamos a história e os personagens de formas bem diferentes, mas essa é a graça da leitura, cada um tem sua opinião.

    ResponderExcluir
  6. Oi, tudo bem?
    Eu também me surpreendi com o fato desse livro ser tão diferente de Mais que amigos, mas gostei bastante da leitura. Eu tive uma percepção um pouco diferente dos personagens, principalmente em relação ao Paul. Eu consegui entender o que ele passou e, mesmo que não justificasse, achei que ele teve uma evolução mais interessante que a Olívia. Eu concordo que o erro dela não justificava as ações que ela teve depois, porém, não achei que ela foi passiva em relação ao Paul. Senti que ela conseguiu entendê-lo e por isso insistia com ele.
    Enfim, adorei a resenha e achei interessante ver o seu ponto de vista sobre o livro.
    Beijos!

    ResponderExcluir
  7. Nossa! Pela capa a gente nem imagina que a história do livro é tão intensa e cheia de percalços como você relatou! Sinceramente, já não sou fã de romances e quando têm relacionamentos assim abusivos, eu passo longe. =/
    Achei interessante o fato de mesmo com tantos pontos negativos, você ter gostado da escrita da autora.

    ResponderExcluir
  8. Confesso que fiquei um pouco curioso com a história, mesmo com os ressalvos negativos que colocou. Daria uma chance para ler a obra, pois parece ter um enredo interessante.

    ResponderExcluir