Quem me acompanha sabe muito bem que quando o assunto é cumprir metas, eu sou uma negação. No inicio deste ano decidi que leria pelo menos três contos do Clube do Livro Sociedade das Relíquias Literárias, mas falhei miseravelmente nesta missão. Em minha defesa, preciso deixar registrado que este foi um ano de grandes mudanças e de muitas demandas, ando tão exausta que a única coisa que desejo verdadeiramente, é poder dormir sem hora pra acordar. Quem disse que é fácil ser adulto? Agora deixando o chororô de lado, eis que finalmente estou de volta com mais uma trama de tirar o fôlego. Li alguns contos nos últimos meses dos quais não consegui falar pura e simplesmente porque senti não ter entendido de fato suas histórias. O Abraço Gélido, no entanto, é claro como a água cristalina. Mary E. Braddon, transmite sua mensagem com tranquilidade e ainda deixa possibilidades de interpretação em aberto para os mais céticos e teimosos.
Coleção: Sociedade das Relíquias Literárias #32
Autor (a): Mary E. Braddon
Publicação: Wish
ISBN: 9788567566528 | Skoob
Gênero: Suspense / Conto
Ano: 2022
Páginas: 29
Minha avaliação: 5/5★
Um jovem artista secretamente pede a mão de Gertrude em casamento e parte para a Itália. No entanto, ele não está disposto a honrar com seu compromisso e terá que lidar com as consequências. O Abraço Gélido é uma história que desafia os estereótipos de gênero da época ao trazer, ao mesmo tempo, uma mocinha apaixonada e inocente e uma vilã implacável.
Sou leitora há pelo menos duas décadas e ao longo deste tempo alimentei muitas inseguranças em relação aos clássicos. O medo irracional de não entender a mensagem ganhou força quando esbarrei com dois ou três contos desta coleção aos quais eu de fato não assimilei muito bem. Então me deparar com a escrita clara e de fácil compreensão da Mary E. Braddon, me confortou enormemente. De modo geral, O abraço Gélido é uma história simples, previsível e aparentemente rasa, mas se pararmos pra olhar além da superfície encontramos uma infinidade de questionamentos interessantes que nos levam a desejar lê-lo uma segunda, terceira, e quiçá uma quarta vez. Confesso que minha natureza vingativa me fez vibrar com o desfecho, contudo, entretanto, todavia, após pensar um pouco mais em como tudo se mostrou, minha satisfação infantil deu lugar ao pesar. A apresentação nos induz a crer que Gertrude se revela uma "vilã implacável" e que o jovem artista não passa de um homem egoísta e indiferente, mas eu tenho lá minhas dúvidas.









