[Resenha] A rainha aprisionada - Kristen Ciccarelli

3 de julho de 2019

Olá amores!
Depois de uma longa espera, finalmente pude retornar a Figaard. Finalizar a leitura de A caçadora de dragões sedenta por mais, e descobrir que a sequência ainda estava em produção, doeu mais do que eu gostaria de admitir. Mas a recompensa dos justos um dia chega, e esse dia chegou meu povo. A rainha aprisionada trouxe de volta esse universo maravilhoso que me conquistou no ato, e deu ainda mais profundidade a tudo aquilo que já conhecíamos. No segundo volume da trilogia Iskari, Kristen Ciccarelli da seguimento aos acontecimentos do livro anterior. A história ganha novos protagonistas e consequentemente uma forma mais ampla de enxergar esse mundo fantástico. De modo geral, temos aqui uma trama independente, cujos personagens possuem dramas próprios, e que pode ser lida fora da sequência, contudo, para uma melhor compreensão geral, recomendo que leiam conforme a ordem de publicação. Dito isso, vamos a resenha!

A rainha aprisionada (The Caged Queen)
Coleção: Iskari #02
Autor (a): Kristen Ciccarelli @KristenCiccarelli
Publicação: Seguinte *Cortesia
ISBN: 9788555340840 | Skoob
Gênero: Fantasia
Ano: 2019
Páginas: 369
Minha avaliação: 4/5★
Firgaard foi governada durante décadas por um rei tirano e manipulador, capaz de condenar povos inteiros apenas para aumentar seu poder. Depois de uma grande batalha, Asha, sua filha, conseguiu derrotá-lo. E, assim, Dax, o primogênito, assumiu o poder ao lado de Roa, sua esposa. Roa é uma forasteira vinda das savanas ― um território sob o domínio de Firgaard, que há anos é oprimido e está prestes a entrar em colapso. O maior desejo da nova rainha, mesmo sabendo que não é bem-vinda em seu novo lar, é mudar a vida de seu povo. O que ela não esperava era encontrar uma chance de alterar o curso do destino e trazer de volta à vida sua irmã gêmea, Essie, morta quando criança em um terrível acidente. O único obstáculo? O novo rei.
Eu amei A Caçadora de dragões incondicionalmente, e embora Roa não tenha despertado em mim uma boa primeira impressão, estava ansiosa demais para saber o que aconteceria a Asha, Torwin, Dax e Safire, para me preocupar com a protagonista desse livro. Não planejava me interessar pela história da rainha nativa e tampouco esperava mudar a visão inicial que tive da personagem. Felizmente Kristen Ciccarelli possui um talento inquestionável para tecer enredos fantásticos das quais não se pode escapar. Fui fisgada e aprisionada pelas histórias antigas que regem a cultura nativa e que são menosprezadas pelos habitantes de Figaard. Porém, não consegui me deixar conquistar por Roa, ao contrário disso, a narrativa só reforçou a antipatia que eu já nutria pela personagem. Esse detalhe específico, não foi capaz de prejudicar minha experiência de leitura, embora tenha me causado alguns aborrecimentos indesejados. No final das contas, foi maravilhoso rever personagens queridos e conhecer mais a fundo suas histórias.

Roa não consegue aceitar a perda de sua irmã gêmea Essie, que morreu ainda na infância e cujo espírito habita um falcão branco que a acompanha constantemente. A ligação partilhada entre as irmãs é tão poderosa que resistiu a morte de Essie e se manteve por quase uma década. Porém tudo parece prestes a mudar. Após lutar ao lado de Dax, príncipe herdeiro de Figaard, e derrubar o rei tirano que oprimiu seu povo durante anos, Roa decide selar sua aliança com o novo rei tornando-se sua rainha, dessa forma ela pretende garantir que Dax cumprirá a promessa de proporcionar melhores condições de vida aos nativos, cuja existência beira o colapso. Contudo, se tornar rainha de um povo hostil que a rejeita abertamente será o inicio das provações que a jovem terá que enfrentar, quando Dax se revela um rei fraco e incapaz de honrar com sua palavra, Roa passa a questionar sua decisão de se unir ao inimigo. Em paralelo a isso, a oportunidade de trazer sua irmã de volta a vida surgirá, e ela precisará decidir a quem sua lealdade pertence. Quando o passado e o presente se entrelaçam em um jogo perigoso repleto de mentiras e intrigas políticas, como se manter fiel a si mesmo?

Assim como em A caçadora de dragões, aqui também temos uma protagonista que transita livremente entre o certo e o errado. Oriunda de um povo altruísta, Roa cresceu acreditando na importância de se doar em favor dos menos favorecidos. Ver os seus sofrerem, graças a ganância do Rei dragão, alimentou na jovem nativa, um desprezo considerável pela nobreza de Figaard, tal sentimento se estendeu a Dax, que herdaria o trono e poderia vir a ser reflexo do pai. E é quando Roa decide odiar Dax, pura e simplesmente pelo fato dele ser filho de um tirano, que ela começa a se perder. Isso porque, nem mesmo a oportunidade de conhecer e conviver com o príncipe a faz enxergá-lo como ele verdadeiramente é. Roa opta por desconfiar de Dax e a partir daí nada que ele faça é bem visto aos olhos da garota. Acredito que a princípio, esta tenha sido uma reação involuntária. Depois da perda da irmã, cuja morte está ligada a Dax, e do sofrimento constante ao qual os habitantes da Savana foram submetidos, foi fácil para Roa associar Dax as atitudes prejudiciais do pai. Contudo, é notável o momento em que essa hostilidade gratuita passa de um simples reflexo à algo providencial.

Ao se tornar uma rainha estrangeira e impopular, Roa vê suas chances de ajudar seu povo reduzirem drasticamente, com o agravante de sua relação com o rei estar se deteriorando dia após dia, graças a distância que ela mesma impôs. Convertida em uma rainha sem qualquer influência, ela fica a mercê da boa vontade de Dax, um rei desacreditado, que trava suas próprias batalhas na tentativa de conseguir se manter no governo e apagar de uma vez por todas os vestígios do autoritarismo de seu pai. Os conflitos que sustentam a trama, se baseiam em sua maioria, na boa e velha falta de diálogo, em um excesso irritante de suposições, e em informações desencontradas que induzem o leitor a adentrar em um cenário que propositalmente desfavorece personagens importantes. Uma abordagem imprescindível para o desenvolvimento da trama, mas que não convence aqueles que tiveram a oportunidade de ler o livro anterior. O fato é que, para Roa, foi cômodo acreditar na visão deturpada que ela compôs, dessa forma o rei tornou-se sob sua óptica, alguém irrelevante e facilmente descartável. Isso ganha ênfase quando Dax torna-se a peça fundamental que viabilizará o retorno de Essie. Dividida entre o amor pela irmã e os princípios nativos, Roa busca todo tipo de justificativa para pender a balança em prol do seu maior desejo. O desespero da personagem, poderia ter me comovido, caso eu não tivesse odiando suas decisões, e cética quanto aos frágeis alicerces que basearam suas escolhas.

- Quer saber a terceira regra de deuses e monstros? [...] Nunca subestime um tolo.

A rainha aprisionada, trás uma narrativa repleta de intrigas e meias verdades que influenciam diretamente no desenrolar da história e põe em xeque tudo o que nos foi apresentado até aqui. De modo geral, essa é uma trama envolvente, com pouca ação, e destaque considerável para o jogo político comum em regimes governamentais. Este último, está diretamente ligado a difícil ascensão de Dax como rei de Figaard, algo que esperei ansiosamente poder acompanhar, e apesar de não ter sido exatamente como eu gostaria, seguiu os rumos necessários para que o jovem pudesse se firmar diante do seu povo. Já o relacionamento de Dax e Roa, foi um teste a minha paciência, que posso garantir, passei com louvor. Ademais, conhecemos mais a fundo a cultura nativa e com isso temos acesso a outras histórias antigas - exclusivas desse universo -, interligadas ao enredo de forma enriquecedora, em especial a da Tecelã do céu. A narrativa ágil e pouco óbvia, impulsiona o ritmo de leitura e me fez devorar o livro. Kristen une passado e presente de forma magistral, em uma história repleta de magia que nos mostra que soltar as amarras e permitir que aqueles que amamos voem alto, mesmo que para longe de nós, pode ser vital.

10 comentários

  1. Eu cheguei a ler resenhas sobre o primeiro volume da série e considero bem ousado o fato da autora ter continuado a história com protagonistas diferentes, por assim dizer. Não é algo que costumamos ver com frequência em histórias cujas continuações estão interligadas, quando são uma sequência.

    Eu consigo entender a protagonista deste livro. Imagino o quanto foi difícil para ela perder a irmã e ver seu povo sofrer tanto. A lealdade dela com certeza está com eles e não posso condená-la por isso. Todavia, não deixa de ser irracional o fato de ela julgar o marido (pelo que entendi eles se casam) por conta do pai dele e se negar a enxergá-lo de verdade. Não há dúvidas de que isso provocará problemas sérios entre os dois. Ele com certeza não poderá confiar nela.

    Bjs!

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  2. Oi Delmara!
    Ainda não conhecia esse livro, mas adorei o enredo, mas vou começar do primeiro kkk, adoro fantasia e fiquei intrigada com o enredo. Roa é um nome bem diferente, mas a personagem me parece uma lutadora fiquei curiosa com o desenrolar da trama vou anotar a dica, parabéns pela resenha fiquei instigada a ler e obrigado. Bjs!

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  3. Uma história que envolve vários elementos, romance, redenção, mistério, fantasia, intrigas, aventura, precisa ser bem escrita para prender. E pelo visto agradou bastante né... Li sua resenha do primeiro livro e gostei muito, principalmente porque consegue instigar a leitura sem entregar spoiller. Fiquei curiosa pelo desfecho desta história, principalmente do relacionamento Dax e Roa e da ressurreição da irmã. Sua resenha despertou meu interesse pelo livro. Já está nos desejados do Skoob. Parabéns pela resenha!

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  4. Oi, Del.
    Na época que o primeiro livro da série foi lançado eu fiquei super animada, mas não consegui ler.
    Agora que saiu o segundo fiquei animada de novo e já coloquei os dois livros na minha lista. Pela sua resenha, percebi que esse é o tipo de história que eu curto!
    beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  5. É a primeira vez que eu vejo sobre esse livro e achei bem interessante a história do livro. Apesar de ser um gênero que não leio com frequência. Fiquei super com pena da Roa e entendo dessas inseguranças dela, perder a irmã e se casar com o filho de um cara que não era uma boa pessoa não deve ser nada fácil. Ainda mais na parte da confiança. A sua resenha ficou ótima. Beijos

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  6. Oi! Eu vi muitas resenhas super positivas sobre o primeiro livro, e confesso que me interessou muito, mas não sei o que pensar dessa mudança de protagonista, acho que apesar de entender, meio que perdeu um pouco da essência da primeira história e do encanto inicial. Mas não descartei a leitura. Obrigada pela resenha!

    Bjoxx ~ Aline ~ www.stalker-literaria.com ♥

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  7. Não conhecia essa obra, mas me chamou demais a minha atenção por ser um estilo literário que curto demais. Esse livro parece possuir um enredo intenso, aventureiro e surpreendente. Confesso que estou bem curioso. Anotada a dica.

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  8. Oi, tudo bem?
    Eu vou te confessar que, ao contrário de você, eu não gostei do primeiro livro. Odiei a protagonista, achei a escrita da autora lenta e confusa e só gostei mesmo dos dragões e do Torwin hahaha. Não tinha a menor intenção de ler esse livro, mas sua resenha conseguiu despertar um pouquinho da minha curiosidade. E confesso que fiquei feliz de saber que esse livro foca mais nas questões políticas que nas cenas de ação, porque uma das coisas que mais me incomodaram no livro anterior foram as descrições confusas nesse tipo de cena.
    Adorei ler sua resenha e conhecer sua opinião sobre o livro. Apesar de ter ficado com uma impressão bem diferente da sua a respeito do primeiro volume, fiquei mais interessada em conferir esse. Que bom que você gostou da leitura!
    Beijos!

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  9. Oi Delmara,
    Fiquei com medo de ler a resenha de A Rainha Aprisionada porque ainda não li o primeiro livro da série. A Mayra, do All About That Book, adorou o primeiro livro e, como gosto de histórias de fantasia com dragões, fiquei com muita vontade de ler. Sua resenha me deixou ainda mais animado.
    Obrigado por me lembrar dos livros da Kristen Ciccarelli.
    Beijos,
    André | Garotos Perdidos

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  10. Oi tudo bem? Li o primeiro livro e gostei bastante do livro, mal posso esperar para ler esse e conhecer a história da nova Rainha e da ligação dela com a irmã.
    Bjo

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