[Resenha] A morte de Sarai - J.A. Redmerski

18 de abril de 2021

Hello peoples!
Já faz uns bons anos que A morte de Sarai, primeiro livro da série Na Companhia de Assassinos, está na minha lista de leitura, mas é aquela coisa né? Estava esperando a tal da oportunidade surgir, e ela surgiu com a chegada da adaptação a Prime Vídeos. En Brazos de Un Asesino, foi produzido, dirigido e estrelado por ninguém mais, ninguém menos que Willian gato Levi, nosso querido João Miguel Romão-Alessandro Lombardo-Maximiliano Sandoval (entendedores, entenderão), deu vida ao assassino Victor e me fez correr para o livro. A série que conta com sete livros publicados no exterior e pelo menos mais um ainda em produção, começou a ser publicada aqui pela editora Suma. Contudo, entretanto, todavia, apenas os três primeiros títulos foram disponibilizados em versão nacional, em suas redes sociais a editora não deu garantias de que seguirá com o projeto. E como ninguém merece ser arrebatado por uma série que talvez não consiga finalizar, confesso que me sinto grata por ter apenas gostado desse primeiro livro.

A morte de Sarai (Killing Sarai)
Coleção: Na companhia de assassinos #01
Autor (a): J.A. Redmerski @JRedmerski
Publicação: Suma
ISBN: 9788581052571 | Skoob
Gênero: Romance +18
Ano: 2015
Páginas: 256
Minha avaliação: 4/5★
Amazon | MagaLu

Sarai era uma típica adolescente americana: tinha o sonho de terminar o ensino médio e conseguir uma bolsa em alguma universidade. Mas com apenas 14 anos foi levada pela mãe para viver no México, ao lado de Javier, um poderoso traficante de drogas e mulheres. Ele se apaixonou pela garota e, desde a morte da mãe dela, a mantém em cativeiro. Apesar de não sofrer maus-tratos, Sarai convive com meninas que não têm a mesma sorte. Depois de nove anos trancada ali, no meio do deserto, ela praticamente esqueceu como é ter uma vida normal, mas nunca desistiu da ideia de escapar. Victor é um assassino de aluguel que, como Sarai, conviveu com morte e violência desde novo: foi treinado para matar a sangue frio. Quando ele chega à fortaleza para negociar um serviço, a jovem o vê como sua única oportunidade de fugir. Mas Victor é diferente dos outros homens que Sarai conheceu; parece inútil tentar ameaçá-lo ou seduzi-lo. Em A morte de Sarai, primeiro volume da série Na Companhia de Assassinos, quando as circunstâncias tomam um rumo inesperado, os dois são obrigados a questionar tudo em que pensavam acreditar. Dedicado a ajudar a garota a recuperar sua liberdade, Victor se descobre disposto a arriscar tudo para salvá-la. E Sarai não entende por que sua vontade de ser livre de repente dá lugar ao desejo de se prender àquele homem misterioso para sempre.

Este livro contém assuntos sensíveis/gatilhos: violência, tortura, estupro, tráfico de drogas e sequestro

Até o momento eu li pouquíssimos Romances Dark, isso se deve em grande parte, ao fato de que tenho certa resistência à algumas abordagens do gênero. Sendo assim, não esperei de forma alguma que com este fosse diferente, e atendendo as expectativas, não foi. Eu não posso deixar de dizer que logo de inicio antipatizei com Sarai. Posso estar sendo insensível, mas a garota tagarela e inconsequente, embora corajosa, me pareceu fora de lugar dentro de todo o contexto que a história nos passou. Vejam bem, eu entendo plenamente que, como ela mesma deixou claro, falar sem parar era uma espécie de estratégia de auto humanização, cujo intuito era preservar sua vida. Admito que de fato foi um esforço válido e uma ideia inteligente, porém com uma execução burra. Pondo na mesa o histórico de abusos recorrentes, o risco de morte iminente e o fato dela estar totalmente a mercê de um assassino sanguinário com o qual ela não possuía qualquer familiaridade, penso que falar incansavelmente uma série de aleatoriedades, das quais pouco se aproveitava, é muitíssimo chato, pra dizer o mínimo. E foi essa a primeira impressão que tive dela, sem querer desmerecer sua trajetória, a considerei insuportavelmente chata. Felizmente a evolução está ai pra isso, não é mesmo? E para alegria geral da nação Sarai evolui lindamente.

Desde muito cedo Sarai teve que sobreviver em um mundo repleto de perigos. Com uma mãe viciada e sem nenhum outro parente com quem contar, ela aprendeu a fugir, sempre que possível. Contudo, ao se tornar órfã, é deixada a mercê de Javier, um dos traficantes mais perigosos do México, e aprisionada em uma grande fortaleza, da qual, escapar não parece ser uma opção. Durante seu cativeiro, Sarai faz o impossível para sobreviver, sua condição de favorita lhe proporciona certas "regalias", mas nem isso lhe priva de sofrer e presenciar todo tipo de abuso e violência. Após nove anos de espera silenciosa, ela vê com a chegada de Victor, um perigoso assassino de aluguel, surgir a sua tão sonhada chance de escapar. Para ele no entanto, Sarai não passa de uma distração, que pode facilmente se tornar uma ameaça, todos os seus instintos dizem que ele deve matá-la, mas contrariando sua personalidade fria e calculista, ele decide ajudá-la. Dessa forma, eles iniciam uma jornada juntos, que os farão questionar tudo o que sempre acreditaram e desejaram.

Com uma história contada em primeira pessoa, em sua maioria por Sarai, é muito fácil entender quem ela é, e o que ela busca. No que diz respeito a esta personagem é tudo muito óbvio. Ela deseja fugir do cativeiro, mas apesar do plano inicial, não demora muito para que Victor assuma um papel bem maior que o de mero facilitador, ela se apega a ele, confia nele e em um curto espaço de tempo, se torna dependente dele. A necessidade de liberdade é rapidamente suplantada pelo desejo de estar com Victor e todos os planos de ter uma vida comum perdem o brilho. Em parte porque o mundo real já não lhe parece mais seu lugar, e em parte porque estar com Victor se torna seu novo objetivo. Ela se agarra a ele com tudo que pode e nada além dele lhe atrai mais. Nem preciso dizer que este cenário em específico é uma das abordagens do gênero que costumam gerar em mim certo incômodo. É meio maçante e pouco atraente, essa narrativa da mocinha que grita força mas demonstra fraqueza e submissão. Não vou dizer que sabendo dos traumas da jovem, esperava que ela surgisse como uma mulher poderosa e completamente bem resolvida, eu entendo que tudo a empurrou rumo a este precipício deplorável, mesmo assim, não nego que fiquei decepcionada com o excesso de devoção e sujeição, principalmente quando Victor foi extremamente contido em suas demonstrações gerais.

Não digo que o Victor é um completo escroto que merecia ser apedrejado em praça pública, longe disso. Tirando o fato dele ser um assassino, que pertence a uma ordem de, pasmem, assassinos, ele possui de certo modo, um inquestionável senso de honra. Além disso, é óbvio que ele deixou passar incontáveis oportunidades de matá-la, e lá pelas tantas tentou ajudá-la com sua condição de fugitiva desabrigada. Claro que disso tudo surgiria um vínculo, alimentado pelas circunstâncias e pelo sentimento de gratidão, mas daí a uma devoção cega, incondicional e célere, já é demais, né? No entanto, não chega a ser algo inesperado. É o tipo de coisa que faz parte da receita que esse tipo de história costuma seguir rigorosamente.

Por favor, não se deixem enganar pelo meu aparente desdém, notadamente eu tive minhas questões com essa história mas nem só de críticas vive esta leitora aqui, então vamos ao que de fato me fez avaliar com quatro estrelas este enredo. Desde muito antes de iniciar esta leitura, eu estive ansiosa por tudo o que pudesse envolver A companhia de assassinos. Como funciona? De onde surgiu? E o treinamento? Infelizmente a grande maioria dos meus questionamentos ficaram sem respostas, Victor é um enigma quase que indecifrável, e pouca coisa lhe escapa. Nesse primeiro livro podemos acompanhá-lo em dois trabalhos, o primeiro sai completamente dos padrões de ação, por motivos óbvios e o segundo nos dá uma visão um pouco mais ampla de como se dá o processo pré, durante e pós, execução. Os embates são sangrentos em demasia, os riscos são altíssimos e o resultado disso, nos proporciona uma certa tensão. Ademais, Victor possui uma relação familiar conturbada, cujos detalhes pouco evidentes despertam interesse. Sua relação com a ordem de assassinos, também instigou minha curiosidade, especialmente depois de todos os desvios aos quais ele recorreu aqui.

De modo geral A morte de Sarai, é um bom livro. Trás uma trama dinâmica e uma narrativa ágil, que nos permite um ritmo de leitura agradável. J.A. Redmerski possui uma escrita sutil que torna abordagens extremamente pesadas mais palatáveis, embora seja possível perceber e se indignar com todo o sadismo ao qual a protagonista foi submetida, as descrições não chegam a chocar tanto quanto poderiam/deveriam. Não nego que possuo algumas ressalvas no que se refere ao envolvimento emocional de Sarai e Victor, a dependência estrema que ela demonstrou só tornou ainda mais evidente o fato óbvio de que um envolvimento amoroso era a última coisa que ela precisava depois de tantos anos subjugada (alô terapia). Já a trajetória individual de ambos, é um show a parte. É impossível não se interessar pelas nuances apresentadas a cada capítulo e o desfecho só potencializa essa necessidade de conhecê-los melhor, bem como descobrir o que o destino lhes reserva. Uma história repleta de ação, tensão e violência.

4 comentários

  1. Oi Delmara!!

    Eu lembro bem da época que suma publicava livros eróticos, levando em conta o que eles pubilicam hoje, parece um super delirio coletivo HAHAHAHAHA
    Adorei conhecer essa história, parece ser bem legal, quando eu estiver melhor pretendo ler, sou sensivel a alguns dos gatilhos presentes na história. Adorei tua opinião!

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  2. Oi Delmara

    Nem fale, eu estou com alguns livro na tal situação, esperando a oportunidade surgir para ser lidos. Gostei de saber que a história é dinâmica e ágil porque A morte de Sarai, é um deles. Adorei sua resenha, acho que está no momento de pegar este livro para ler. Ainda mais com assuntos tão fortes mencionados. Parabéns pela resenha.

    Bjos
    https://consumidoradehistorias.blogspot.com/

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  3. Oi, tudo bem? Falar sobre livros que estão parados na estante é sempre divertido (ou não) haha se levamos numa boa não termos conseguido ler ainda, ou o fato de outros terem passado a frente. Lembro de ter acompanhado o lançamento desse livro e ficado bem curiosa com toda a trama. Mesmo com todos os assuntos delicados abordados creio que a autora conseguiu trazer uma história intensa e que prende a atenção do leitor. Quanto a adaptação fiquei mais curiosa pela participação do Willian Levi, nossa acompanho o trabalho dele a bastante tempo. Já coloquei na minha lista. Um abraço, Érika =^.^=

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  4. Li este livro em 2015 e confesso que nao curti muito... Me incomodou a paixão entre os dois e a passação de pano para os delitos do mocinho. Mas quero ver a adaptação porque tem um ator que morro de amor.
    Beijos

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