Finalmente tive minha primeira experiência com a escrita do Matthew, apesar de possuir outro títulos dele na minha estante, nunca havia tido o incentivo necessário para desbravar pelos mundos criados por esse autor tão aclamado. Mas como tudo na vida tem o tempo certo para acontecer, eis que eu resolvi dar uma olhada nas primeiras páginas de Garoto 21, e foi assim, sem pretensão nenhuma que fui fisgada de cara por essa história que transborda encanto.
Titulo: Garoto 21
Autor(a): Matthew Quick
Editora: Intrínseca
Ano: 2016
Ano: 2016
N° de páginas: 272
Repetir um movimento várias e várias vezes ajuda a clarear a mente uma lição que Finley aprendeu muito cedo, nas quadras de basquete. Numa cidade comandada pela violência do tráfico e da máfia irlandesa, vestir a camisa 21 e dar o sangue em quadra é sua válvula de escape. Vinte e um também é o número da camisa de Russ, um gênio do basquete. Ou pelo menos era. Recém-chegado à cidade de Bellmont depois de ter a vida virada de cabeça para baixo por uma tragédia, a última coisa que ele quer é pegar de novo numa bola. Russ está confuso, parece negar o que lhe aconteceu e agora se autointitula um alienígena de passagem pela Terra. Finley recebe a missão de ajudá-lo a se recuperar e, para isso, precisará convencê-lo a voltar a jogar, mesmo sob o risco de perder seu lugar como estrela do time. Contra todas as probabilidades, Russ e Finley se tornam amigos e, por mais estranho que pareça, a presença de Russ poderá transformar a vida de Finley completamente. Uma emocionante história sobre esperança, amizade e redenção, com a prosa sensível e inteligente de Matthew Quick.Finlay vive com o pai e o avô deficiente, é um garoto tranquilo e resignado, que teve a infância marcada pela violência, e desde muito cedo aprendeu que falar pode ser perigoso. E foi durante a fase mais obscura de sua vida que ele descobriu uma grande paixão pelo basquete. Finaly claramente não possuía o tão sonhado talento nato para jogar basquete, mas era persistente e dedicado, e através de horas infindáveis de treino pesado ele conseguiu conquistar seu lugar no time da escola. Mesmo não sendo um jogador indispensável, ele se empenhava ao máximo para manter sua posição, pois dessa forma poderia, quem sabe um dia conseguir uma bolsa para a faculdade e finalmente sair de Bellmont, um lugar dominado pelo tráfico, onde os moradores de bem eram reféns das leis e imposições de mafiosos. Por ter sentido na pele os mandos e desmandos desses criminosos o rapaz busca desesperadamente meios para deixar esse lugar pra trás.
Mesmo sendo um garoto de poucas palavras Finlay conseguiu conquistar e ser conquistado por Erin, a garota falante e cheia de vida que apareceu em seu quintal e jogou basquete com ele em um dos dias mais tristes de sua infância, tornando-se desde então sua melhor amiga, confidente e namorada. Toda a rotina de Finlay é completamente abalada quando ele é incumbido pelo seu treinador a ajudar Russ a se enturmar. Finlay não entende o porque de tal tarefa, mas obedece sem questionar. Por ser extremamente discreto Finlay guarda em segredo os delírios de Russ e o medo crescente que ele vem sentindo de que o Garoto 21 (Russ), o prodígio do basquete venha a tomar seu lugar de armador titular do time. Mas nem a insegurança que esse medo pode causar poderia ser empecilho para que Finlay percebesse que além de um jogador brilhante que pode tomar seu lugar, Russ é um garoto que precisa muito da sua ajuda.
Gente a escrita do Mattew é incrível, confesso que não estava nem um pouco interessada na trama, decidi apenas folhear o livro para ver o que achava e me deparei com uma narrativa viciante que me fisgou e conquistou de imediato, e conforme a leitura foi evoluindo me vi gostando da trama e torcendo muito pelos personagens, que aprendi a admirar. Finlay por si só, já pode ser considerado um personagem excêntrico, o rapaz caladão mas que vive com a mente em um turbilhão de opiniões e conjecturas que ele evita a todo custo externar, é refém de um silêncio que surgiu como consequência de graves agressões que ele e sua família sofreram, e que resultou no avô sem as duas pernas e em seu pai cabisbaixo e sem muita alegria de viver. Os três compõem uma família arrasada, mas que apesar do medo, da dor e da culpa que carregam e compartilham, enquanto se arrastam pela vida, amam-se incondicionalmente, são três homens abnegados, que se isolaram de tudo e de todos, mas que cuidam com afinco de todos aqueles que ousaram tentar e por fim conseguiram penetrar na fortaleza de indiferença que criaram para si.
Inicialmente Finlay ajuda Russ, apenas para atender ao pedido do seu treinador, ao qual ele obedece incondicionalmente, mesmo que essa obediência conflitue com seus interesses, mas conforme vai conhecendo melhor o garoto 21, que passa a ser sua sombra, Finlay percebe inúmeras semelhanças que ambos compartilham, o fato de ambos terem sido testemunhas da violência que seus familiares mais queridos sofreram, sendo a principal delas.
Enquanto a história vai se revelando e os segredos vão sendo externados, se torna impossível não se sentir solidário a história desses dois garotos, ambos sofrem grandes dores e passaram por perdas ainda maiores, mas cada um lida com isso da sua forma, um simplesmente se cala e guarda para si tudo o que pensa e sente e o outro cria um mundo paralelo e assume uma outra identidade, duas formas distintas mas com o mesmo objetivo, isolar-se de tudo e de todos. Por mais estranho que possa parecer, eu consigo entender a atitude de ambos, pois as vezes quando se está muito ferido, não se consegue abrir espaço para que ninguém mais entre, tudo que se quer é ficar sozinho consigo mesmo e lamber as feridas até que elas cicatrizem. Chega um momento que dizer que está tudo bem, quando se está quebrado em mil pedacinho se torna algo cansativo e você só quer fugir, dos olhares condolentes, e das perguntas para as quais ninguém quer ouvir a verdadeira resposta. Claro que essa introspecção pode chegar a um ponto insalubre, dando inicio a uma depressão, e é por isso que é preciso existir alguém ou algo, não qualquer pessoa ou qualquer coisa, é preciso ser A PESSOA, aquela que não se importe o quão fundo você chegou no poço, aquela que estará lá ao seu lado te ajudando ou simplesmente esperando a hora para o retorno a superfície. Erin foi a pessoa de Finlay e agora ele pode vir a ser a pessoa de Russ, mas para isso existe uma grande probabilidade de que ele tenha que abrir mão de uma de suas duas maiores paixões.
Garoto 21, foi sem sombra de dúvidas uma surpresa bem vinda. Jamais poderia ter imaginado a carga emocional que estava por trás dessa capa vibrante. Essa história me marcou de tantas maneiras, que nem em mil anos poderia narrar todas elas, mas me conformo em deixar registrado que absorvi tudo ou quase tudo que esse livro tem a oferecer, senti cada palavra e desfrutei de cada emoção e sensação, e me apaixonei perdidamente por essa história, que de forma sutil ensina a importância da verdadeira amizade, que não importa quão fundo seja seu poço sempre haverá esperança e que a redenção é um direito daqueles que a desejam. Por fim, recomendo esse livro a todos sem exceção, mesmo sendo classificado como um romance, o livro vai muito além disso, trás verdadeiras lições e uma bela história para se apreciar e refletir.
Olá Delmara,
ResponderExcluirSó leio comentários positivos acerca desse autor e tenho muita curiosidade em ler algum título aeu. Eu já conhecia essa capa, mas essa é a primeira resenha que leio sobre. Confesso que não imaginava que tinha essa temática, pois nem ao menos tinha lido a siopse antes. Seus comentários ne deixaram bem motivada para querer ler, pois adoro livros que tratam amizades e afins.
Beijos, Fer
www segredosemlivros.com
Oi, Del!
ResponderExcluirEu até tinha um livro do Matthew aqui, mas acabei dando hahhahaha
Eu tenho curiosidade em ler Quase Uma Rockstar, mas Garoto 21, depois de sua resenha, me despertou interesse também.
Beijos
Balaio de Babados
Participe da promoção de aniversário do blog Crônica sem Eira
ooi, tudo bem?
ResponderExcluirAcredito que a gente leia os livros certos nos momentos certos.
Não conhecia o autor, nem a obra.
E que bom que a leitura foi uma experiência tão significante para você. Parece ser um livro cheio de sentimentos.
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Nossa!!!
ResponderExcluirEu ainda não conhecia o livro e vendo a maneira como ele te conquistou quando você começou a ler sem grandes expectativas, eu fico muito curiosa. Mesmo sem ter lido, já acho que seja um livro intenso e fiquei curiosa para conhecer mais sobre essa obra.
Eu já conhecia o autor e essa sua forma de nos viciar na história. Estou de olho nesse livro desde o lançamento mas ainda não consegui colocar as mãos nele. Adorei conhecer mais sobre a trama e o que esperar do livro. Adorei sua resenha (frase meio clichê, mas verdadeira), e fico feliz qdo alguém curte os mesmos autores que eu :D
ResponderExcluirRecomendo o livro do mesmo autor O lado bom da vida que tbm é MUITO bom.
http://blogmundodetinta.blogspot.com.br/
Oii Delmara, tudo bom? Resenha maravilhosa!! Do Quick eu li apenas O Lado Bom da Vida, um de meus livros favoritos, e o Quick se tornou um dos autores que quero ler tudo que escrever. Garoto 21 não tinha me chamado atenção pela capa e sinopse, porém sua resenha foi tão empolgante que agora sinto que PRECISO ler!
ResponderExcluirBeijos!
Oiee ^^
ResponderExcluirLi livros do Matthew que eu gostei, e outros que não gostei, então não sabia o que esperar de "Garoto 21". Estou vendo, pela sua resenha, que ele entrará para a lista dos que eu gostei...haha' Fico muito feliz em saber que o autor conseguiu te fisgar, e que a história é assim tão incrível, eu não imaginava (pela capa, principalmente) que o livro pudesse ser tão marcante assim. Dica mais do que anotada. P.S.: Você já leu "Perdão, Leonard Peacock"? É do Matthew também, e é incrível!
MilkMilks
http://shakedepalavras.blogspot.com.br
Olá, Delmara.
ResponderExcluirEu li O lado bom da vida do autor e foi o que bastou para eu me apaixonar pela escrita dele. Ele tem o dom de pegar uma história aparentemente sem graça e torná-la memorável. E essa parece ser mais uma que ele faz isso. Não conhecia esse livro ainda, mas é claro que me interessou. Eu não gosto muito de amarelo, por isso não gostei da capa hehe.
Blog Prefácio
uau, outra resenha bem estruturada, parabéns, estou com aquela vontade incrível de ler o livro.
ResponderExcluirFico dizendo pra mim mesma que preciso conferir algo do Quick, mas até agora não li nenhum, sempre vou empurrando com a barriga, mas acho que já sei por qual começar.
Xoxo
ResponderExcluirOlá! Adorei "O lado bom da vida" e ainda não havia lido nenhuma resenha desse livro. Confesso que me surpreendi pela sua resenha, pois a carga dramática que ele traz é novamente de arrasar! Adoro livros com dramas familiares, personagens com dificuldades de se expor e de se relacionar e gostei principalmente de como ele narra dois personagens com formas tão diferentes de sentir e reagir ao mesmo tipo de problema. Também fiquei curiosa para saber como acaba esse drama.
Beijos!
Karla Samira
http://pacoteliterario.blogspot.com.br/
Oi Delmara.
ResponderExcluirEu ainda não conhecia o livro, mas confesso que lendo sua resenha deu uma pitada de curiosidade para conhecer a história. Ainda mais sabendo que o livro foi escrito pelo mesmo autor do livro O Lado Bom da Vida, que adoro, com certeza vou querer conferir este livro inteiro.
Bjos
Oi Delmara.
ResponderExcluirJá li O lado bom da vida do autor e detestei aushasuh depois disso fiquei desmotivada a ler outros livros dele mas acho que você conseguiu me fzer mudar de ideia. Garoto 21 parece trazer uma história muito linda! Já quero muito conhecer essa família de homens tão sofridos.
Acho que esse livro tem a carga dramática que eu tanto amo nas histórias. Fiquei bem interessada;
Olá Delmara!
ResponderExcluirO único livro que li de Matthew Quick foi O Lado Bom da Vida e foi uma experiência marcante. Ainda não tinha lido nenhuma resenha a respeito desse livro e apesar de não ter me sentido atraída para a narrativa inicialmente, fiquei bem empolgada pra ler quando você citou sobre a importância da amizade e o quanto esse livro traz verdadeiras lições. Obrigada pela dica.
Beijos.
Um Rascunho a Mais
Oi
ResponderExcluirNunca esse livro me chamou atenção, mas hoje lendo sua resenha vi que o que pensava sobre o mesmo era completamente diferente, sua resenha esta perfeita e por causa dela vou dar uma chance e ler o livro assim que possivel.
Oi Delmara!
ResponderExcluirÉ a primeira resenha que eu leio desse livro e fiquei bastante curiosa. Só pela sinopse ele já tinha me chamado a atenção. Gosto de histórias que envolvam esses tipos de amizades "improváveis". Parece ser uma leitura leve, porém intensa e que marca o leitor.
Nunca li nada do Matthew e já tenho aqui um incentivo para começar a ler.
Parabéns pela resenha!
Beijos
Oie!
ResponderExcluirEu ainda não tive oportunidade de ler nada do autor, mas sempre vejo todo mundo comentando bem sobre sua escrita. E já posso dizer que fiquei bem curiosa com esse livro, que parece trazer uma história diferente da grande maioria dos livros. Parece ser algo sobre amizade e superação. Já fiquei encantada só pela sua resenha.
Beijos
Ooi
ResponderExcluirJá tinha visto esse livro por ai, mas nem mesmo sabia do que se tratava. Parece ser um livro bastante envolvente e emocionante que transmite ao leitor muitas coisas. O que me deixa ainda mais interessada na leitura haha
Já com a primeira resenha que leio dele, cá estou eu já com vontade de lê-lo. E espero ter a oportunidade.
Ótima resenha!
Beijoos
http://estantemineira.blogspot.com.br/
Após ler sua resenha fiquei com aquela sensação tão familiar aos leitores: NECESSITO DESSE LIVRO!!! Quero muito lê-lo pois achei sua narrativa fascinante (apesar da capa horrorosa!!!) Mas como Vovó dizia: "Nunca leia um livro apenas pela capa!!!" Iniciei a leitura e não me arrependi, o livro é simplesmente maravilhoso!!! Obrigada pelo incentivo!!!📚😍👏
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